Paprika é o melhor de 2007 segundo a Midnight Eye

Wednesday, March 19, 2008


Na eleição anual realizada pela revista eletrônica Midnight Eye, Paprika foi escolhido pelos votantes como o melhor filme japonês de 2007. Muitos bons filmes japoneses foram lançados no ano passado, e Paprika está entre meus favoritos também. Como já falei anteriormente, Satoshi Kon pra mim já está no mesmo nível de Oshii e Miyazaki em matéria de filmes em animação. Com uma temática complexa sem ser pedante, nível técnico excelente e personagens bem desenvolvidos, Paprika só vem a ratificar a qualidade desse diretor japonês que já tem na sua filmografia trabalhos de peso como os filmes Perfect Blue (1997), Millennium Actress (2001), Tokyo Godfathers (2003), além da série Paranoia Agent (2004).

a lista completa se encontra aqui

A Evolução do The Sims

Wednesday, February 27, 2008


Aguardo ansiosamente a chegada do novo game de Will Wright, famoso criador da série The Sims. Confesso que não sou fã de "simuladores de vida" como o The Sims e nesse tipo de jogo sempre preferi algo mais fora da minha realidade (simuladores de vôo, por exemplo). Com Spore Will Wright dá um passo adiante, pois simula a própria complexidade da vida além de nosso cotidiano palpável. O novo game a ser lançado em setembro prometer colocar o jogador como um verdadeiro "gene egoísta", criando e evoluindo criaturas a partir de organismos unicelulares, estabelecendo parâmetros de evolução e permitindo a criação de tribos e sistemas de dominação. Provalvemente será o game do ano, até por que será lançado nas mais diversas plataformas (Nintendo Wii e DS, PS3, XBOX 360, PC, e até para celular). Como se vê, a idéia do jogo é fantástica, mas o único ponto que não me agradou foi o character design que se inclina mais para o caricatural. Vejam algumas imagens no site oficial: Spore

Oshii volta com "Sky Crawlers"

Tuesday, February 26, 2008


Depois de trabalhos cada vez mais bizarros e interessantes (Tachiguishi-Retsuden, hin-Onna Tachiguishi-Retsuden), um dos meus diretores favoritos, o cineasta japonês Mamoru Oshii, volta a animação mais tradicional em The Sky Crawlers e um novo teaser já se encontra disponível na net.

Baseado numa série de cinco livros do escritor Hiroshi Mori, a história se passa em uma época imaginária onde crianças que nunca envelhecem são envolvidas em constantes combates aéreos idealizados como diversão pelos adultos. A história cativou Oshii pela gama enorme de discussão filosófica, inclinação natural dos trabalhos do diretor japonês. Segundo ele foi o trabalho mais difícil que teve para adaptação ao cinema.

A produção está a cargo da Production I.G, que produziu alguns dos principais trabalhos de Oshii (Patlabor, Ghost in the Shell, Jin Roh), e será lançada no Japão em Agosto deste ano.

Os sonhos de Aya

Friday, February 22, 2008




Lançado no final do ano passado, o projeto Illuminated é uma série em animação que promete ser muito interessante. A idéia é reunir vários artistas e criar um time para a realização não só de episódios a serem exibidos no sítio mas também de um mangá ainda nesse ano.

"Em um futuro não muito distante, o planeta Terra está sendo devastado pela mudança ambiental e pelo colapso da economia, enquanto movimentos sociais se difundem por todo o mundo provocados pela interação online, modificando a face da política mundial. Saturados pela mídia, pessoas perderam a habilidade de sonhar e se plugam toda noite em um sofisticado sistema de comunicação chamado DreamField (Campo dos Sonhos), o qual lhes dá acesso a um rede virtual de sonhos conectada com o mundo todo. Sonhos online se tornaram um a outra forma de mídia, e um grupo chamada dreamstars (estrelas dos sonhos) surgem como novas celebridades culturais. Oriunda de uma estabelecida família política, Aya é uma das mais populares dreamstars, e milhões se plugam nos seus sonhos toda noite para experenciar suas aventuras dentro de um video game virtual hiper-demensional, ao vivo enquanto dormem."

O Mundo de Iblard

Friday, February 15, 2008

Image Hosted by ImageShack.us

É lugar comum no ramo da fantasia a criação de cenários fantásticos que baseados no nosso próprio mundo são acrescentados elementos díspares, sejam calcados no anacronismo ou no exagero de formas, cores e elementos. O mesmo não se pode dizer do mundo de Iblard, criação do artista japonês Naohisa Inoue. O que se vê no mundo de Iblard não é simplesmente a adição de elementos estranhos a algo já conhecido e sim a reconstituição de nosso mundo, desfragmentado-o em camadas a fim de se observar os detalhes e o panorama geral simultaneamente.

A simplicidade das cidades do interior está lá, a tecnologia perfeitamente harmonizada ao meio ambiente também, e por fim os limites físicos e imagináveis transgredidos pela força das personagens. O mundo de Iblard não é simplesmente uma utopia, e sim o nosso próprio mundo visto de maneira diferente. Segundo Inoue é possível observar nosso mundo através de uma "visão iblard" e atentar para a beleza das coisas as quais não damos muito atenção; uma outra forma de usar o olho humano para os elementos do planeta. Sendo assim, o mundo de Iblard não é separado do nosso mundo, não é uma fantasia, e sim um olhar atento onde o olho físico funciona de forma concomitante a imaginação liberada. Iblard é o planeta terra visto pelos olhos de poetas, loucos e cientistas: um olhar absurdo, clínico e imaginativo. Casebres ilhados no céu, rochedos a flutuar, o mar com suas águas divididas em extratos, e tudo constrastado com o verde das plantas e o azul do céu que rodeia a tudo, como se não houvesse um planeta no centro e sim diversos, infinitos planetas e seus habitantes rodeados pelo infinito céu azul. O que Iblard nos diz é que nosso mundo é isso mesmo: infinitos planetas aparentando ser um só.


Para quem já conhece o trabalho do estúdio Ghibli, parte da criação de Inoue pôde ser vista no filme "Susurros do Coração", além de um outro trabalho que só pode ser visto no Museu Ghibli no Japão, um curta em animação chamado "Hoshi Wo Katta Hi". O artista japonês agora pode ser apreciado novamente em "Iblard Jikan". Não há história, nem dialógos, só o fantástico mundo de Iblard e música ao fundo. Um tipo de animação que deve ser vista de modo diferente, como uma grande pintura em movimento.

5cm por Segundo

Monday, June 25, 2007



O mais recente trabalho de Makoto Shinkai (Hoshi no Koe) é uma homenagem a beleza, drama e poesia da vida real. Nada de ficção científica, fantasia ou outras formas de escapismos. Segundo o próprio diretor a idéia era mostrar a profundidade dramática de aspectos de nossa vida, que embora raros e cheios de significados, são relegados a um tratamento das coisas corriqueiras e ordinárias. Byousoku 5 Centimeters é dividido em três partes. O primeiro episódio já se encontra disponível na internet e tive o prazer de assistí-lo.

A história envolve o drama da separação um casal de adolescentes em sua descoberta do amor e amizade profunda, e que por força do destino passam a viver em cidades diferentes. O franzino Takaki e a frágil Akari comunicam-se apenas por cartas. Resolvem então se encontrarem no que talvez seja os seus últimos momentos juntos. Mais uma obra com o toque de melancolia e sensibilidade característicos do diretor japonês. Impressionante como ele consegue dar vida e personalidade críveis a personagens que não passam mais que 30 minutos na tela. No aspecto técnico o nível não fica abaixo, com bastante atenção a detalhes visuais e sonoros.

Paprika, de Satoshi Kon (Japão, 2006)

Sunday, June 10, 2007

Image Hosted by ImageShack.us

Recentemente vi a mais recente animação do diretor japonês Satoshi Kon, Paprika, e resolvi aqui expor algumas idéias.
Satoshi Kon está cada vez mais se tornando um diretor crucial para a manutenção do ideal criativo da animação japonesa. Considero hoje como um dos maiores autores/diretores do Japão. E se não tem ainda o mesmo reconhecimento de Miyazaki, é só uma questão de tempo. Os seus trabalhos que incluem os filmes Perfect Blue, Millenium Actress e Tokyo Godfathers, além da série Paranoia Agent, procuram confundir as barreiras entre o imaginário (psicológico) e a realidade. Entre o caráter criativo e as barreiras da sociedade, entre a loucura e a razão nos seus aspectos libertários ou de estorvo. Além disso, como em Tokyo Godfathers ou em Paranoia Agent, procura de algum modo ver o lado obscuro do Japão no seu aspecto social mais camuflado, os mendigos e sem teto, que por sua vez nos remete novamente a dicotomia da aparência (o aspecto irreal de limpeza e perfeição da sociedade japonesa) e a realidade subjacente (a pobreza, o abandono, a miséria e solidão). Mas vamos ao filme em questão.

Spoilers ahead! Não leia se não viu o filme!
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Um dos temas mais presentes nessa obra-prima são figuras mitológicas, que em si já carregam forte caráter simbólico, cheios de significados a serem explorados especialmente no ramo da psicologia. Sou bastante leigo nessa área, portanto perdoem-me qualquer incorreção.

Há um breve passagem da figura de Édipo, onde Paprika faz o papel da Esfinge. Na mitologia a Esfinge é um ser aterrador que devorava homens se não resolvessem o seu enigma: O que anda de quatro patas pela manhã, duas patas à tarde, e três à noite? Édipo resolveu o enigma respondendo que era o homem, que engatinhava quando bebê, andava em dois pés quando jovem, e na velhice precisava da ajuda de uma bengala. Nessa figura da Esfinge poderíamos projetar o próprio ideal da psicanálise: a resolução dos problemas da alma. O mito de Édipo também é bem famoso pela uso que o psicanalista Freud fez como alegoria das relações inconscientes entre filho e mãe (ou filha e pai). O que explica um pouco o forte caráter possessivo/sexual de satisfação pessoal do personagem Osanai.

Image Hosted by ImageShack.us

A própria personagem Paprika se reveste como uma espécie de fada ou Psique ornamentada com suas asas de borboleta, que na mitologia representa a alma - a borboleta como símbolo da beleza e liberdade do ser (o espírito), que se desfaz de seu corpo limitado de lagarta. Em um dos momentos decisivos da trama, Paprika se vê aprisionada pelo Dr. Osanai que se apresenta em sonho como um colecionador de borboletas (talvez uma referência ao livro de John Fowles, base para o filme O Colecionador). Apesar de de ter motivações mais pessoais (seu desejo sexual, ou de possesão), serve a também sonhos egoístas do presidente do laboratório Seijiru Inui, que perdido em suas desilusões tenta sabotar o próprio mundo psicológico de todo o Japão.

Image Hosted by ImageShack.us

Não li o romance original de Yasutaka Tsutsui , no qual o filme foi baseado, mas se o filme já possui tantas camadas a serem exploradas, imagine o livro. Fiquei curioso.

Realmente um belíssimo filme. Talvez o melhor que assisti esse ano.

Links:
Paprika - SonyClassics
Paprika - My Space
Paprika - New York Times

 
by Esquina da Minha Rua